"Filha da ciência e mãe da caridade! Fossem as sociedades civis como tu, ó, santa Maçonaria, e os povos viveriam eternamente numa idade de ouro. Satanás não teria mais o que fazer na terra, e Deus teria em cada homem um eleito."
(Cônego Januário da Cunha Barbosa)
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30 de agosto de 2024

    A Maçonaria constitui-se antes de mais nada numa instituição filosófica de caráter iniciático, especialmente a chamada "Maçonaria Especulativa", cuja narrativa é a marca registrada que se manifesta no processo de nosso aprimoramento interior.

     Sua característica é antes de mais nada, antropocêntrica, hominal, histórica, lendária e cultural, onde a busca da verdade se instaura por meio do Estudo, da Pesquisa e da Investigação. Além disso, sua essência é adogmática, cabendo ao Homem, explorar suas propriedades intelectuais e trabalhar seu íntimo através da Liberdade de Pensamento na busca da Consciência.

     

     Esse breve preâmbulo serve como instrumento para associar a questão do surgimento da Universidade e das 7 Artes e Ciências Liberais, tão intimamente ligadas à base arquetípica maçônica. A origem da palavra UNIVERSIDADE advém do Latim "universitas", que por sua vez está associada ao substantivo Universo, determinado no latim como "universus". A etimologia compõe-se de: "unus" que corresponde a uma única unidade. Do particípio passado do verbo vertere, "versus" que significa virar, verter, mudar. E por último a adaptação do sufixo "dade" , na forma latina "tas", como agente de qualidade.

 


     Na Idade Média, o termo "universitas" era usado para designar o grupo de estudantes e professores que formavam os primeiros centros de ensino superior fora das ordens religiosas. A Universidade tem sua origem formal, portanto na Idade Média a referência do termo UNIVERSIDADE e seu significado primitivo no século XIII, remetia ao conceito de um conjunto de mestres e de estudantes na mesma escola e ligados pelos mesmos interesses culturais "Universitas magistrorum et scholarium". Desse modo, Mestres e estudantes formavam uma espécie de corporação.

     A partir dessa relação, inicia-se um tímido, porém reconhecido processo de desenvolvimento intectual que permitia criar uma forma de Pensamento e de Conhecimento, de algum modo desvinculado dos rígidos princípios doutrinários e dogmáticos da Igreja. Nasce a expressão 7 Artes e Ciências Liberais, leia-se "liberais" como um adjetivo que dava conta à possibilidade de libertar-se do obscurantismo, da liberdade de pensar, da liberdade de se obter acesso ao conhecimento de forma natural, contemplativa, lógica e racional e que propiciasse ao homem, o direito (ainda que de maneira um tanto tímida) de experimentar e explorar suas potencialidades. Esse tesouro cultural, encontra pleno abrigo na Maçonaria, quando esta, absorve dentre seus postulados especulativos o TRIVIUM e o QUADRIVIUM. Esses componentes foram estabelecidos nas universidades europeias como os primeiros planos de estudo.  


     Dividiram-se assim em duas categorias:
          - TRIVIUM composto por três áreas: Gramática, Lógica e Retórica.
          - QUADRIVIUM que consistia em 4 disciplinas: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
 

     Dada a escassez de materiais para anotações, à época, o Mestre propunha um tema (a lectio) e em seguida os alunos começavam um debate sobre o mesmo (a disputatio). Tal qual trazem-se às sessões maçônicas, nos chamados, Tempo de Estudo, ou Quarto de Hora, um Tema ou Trabalho para ser compartilhado e debatido entre os Irmãos, sob a devida condução do Venerável Mestre, este saudável exercício intelectual é fruto dessa origem e inspiração histórica que revela por si só a importância do estudo e do âmbito filosófico como fatores preponderantes para a evolução do homem.

 

Fraternalmente,

Ir:. Newton Agrella

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